segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Cofissões

"A união dos corpos, a tentativa de ocupar o mesmo espaço, de serem apenas um"

A lua ilumina o quartos, sua presença prateada entra pela cortina semi aberta da varanda e sua luz repousa suavemente sobre a pele clara e curvas do corpo da moça adormecida. Sentado na poltrona e com os pés apoiados na ponta da cama, o rapaz a observa dormir. Ela se mexe, se descobrindo ao rolar, deixando o seio e as pernas bem a mostra, ele analisa cada pedaço de pele exposta e sorri, ela, então, abre os olhos e afasta os cabelos do rosto. A moça mordisca os lábios enquanto seus olhos aproveitam o passeio pelo peitoral que aparece por entre a camisa desabotoada. Eles se olham e trocam silenciosas confissões apaixonadas.
Ela se senta na cama, puxando o lençol e envolvendo-o no corpo nu, dobra as pernas ao lado do corpo e se apoia nos joelhos e mãos, engatinhando até a beirada da cama, senta sobre as pernas dobradas e continua olhando para o rapaz, que apoia o cotovelo no braço da poltrona e se ajeita, observando os movimentos da garota. Ela encosta as pontas dos dedos no rosto dele, deslizando-os pela boca e descendo pelo pescoço, alcança a lateral da camisa e a afasta, deixando o peito do rapaz livre. Volta a mão para o rosto, acomodando-a sobre o maxilar dele e acariciando com o polegar os lábios do rapaz.
Ele põe a mão sobre a da moça e eles ficam assim por alguns instante até que ele coloca os pés no chão, desliza a mão pelo pescoço da moça até a nuca dela e a beija, eles se aproximam, se abraçam e se olham trocando carícias entre um beijo e outro.
Ele se levanta da poltrona e vai para a cama, apoiando o seu corpo sobre o dela e acariciando as curvas femininas enquanto a beija. Os beijos e carinhos vão ficando cada vez mais íntimos e intensos, retirando a roupa dele e descobrindo o corpo dela, permitindo a união dos corpos.
União dos corpos... Não apenas sexo, não apenas uma noite. A união dos corpos, a tentativa de ocupar o mesmo espaço, de serem apenas um, os corações batem no mesmo ritmo, as línguas estão na mesma dança, os quadris sincronizados com as almas, as mãos dadas, as pernas entrelaçadas, eles estão completos.

Hanny Writter (Erika Amaral)
21/11/2013

terça-feira, 26 de novembro de 2013

A última rodada


http://www.youtube.com/watch?v=LSucnC2lxIY

 A garota estava assustada, seu coração parecia estar sendo pisoteado pela guerra interna entre razão e sentimento. Ela estava cansada, gasta, farta... Não conseguia simplesmente fazer de conta de que nada estava acontecendo. A indiferença dele era o que a fazia sentir como se fosse implodir, primeiro o coração, depois a cabeça, e, então, seu corpo iria cair aos poucos. 
 Ela estava descrente, nenhuma promessa, nenhum pedido de perdão, nada a convencia. Ela apenas disse "Não promete, só me mostra que eu estou errada" e assim ela terminou uma conversa com o coração mais leve mas com aquele nó na garganta que ainda incomoda tanto. "Será que eu não falei tudo? Será que falta alguma coisa?! É isso mesmo que eu quero? E se já estiver quebrado e não tiver mais conserto?" E o medo de contar novamente com ele e ser deixada na mão novamente. 
 Ela não sabia o que doía mais: falar que essa era a última chance ou saber que realmente era a última chance. Mas, maior do que a vontade de tentar fazer funcionar mais uma vez, era o medo de só se machucar mais, de piorar, de que isso só fosse o tiro de misericórdia, "Será que essa é a solução?! Não seria melhor simplesmente acabar aqui? Sentimento estúpido! É só isso que me prende a ele...". É isso que chamam de amor? Haviam contado para ela que o Amor "é ferida que dói e não se sente", mas ela sente doer, queimar, arder, machucar... Então não seria amor? Se não é amor... O que é?
 Ela continua sofrendo sozinha, olha em volta e acha as marcas das lágrimas, na mesa, no travesseiro, no rosto. E o que ela deveria fazer para querer estar com ele, para voltar a sentir a saudade de antes, para sentir falta do beijo dele, para novamente querer acordar debaixo do mesmo cobertor? Não é só a mudança dele, mas a mudança dela. Ela precisa ser conquistada novamente? Será que aquele tempo todo que passou de desgaste dela e indiferença dele pode ser recuperado? "E se já estiver quebrado e não tiver mais conserto?". Ela respira fundo mais uma vez, passa a mão no cabelo e imagina as possibilidades. "Se funcionar, se voltar a ser como deveria ter sido desde o começo, se melhorar, se mudar... Será que o primeiro erro que acontecer vai terminar tudo mesmo com todo o esforço dedicado para resolver? E se, mesmo dando essa chance ele não mudar? E se não adiantar mais. Quanto tempo mais eu vou dedicar para uma tentativa de reerguer um relacionamento falido?
 Não havia garantias, mesmo se houvesse ela não acreditaria. Não tinha nada que ele pudesse dizer, nada que ele pudesse prometer, que a fizesse sentir esperança, ela só estava desconfiada, cada passo dela era dado com precaução, com medo, testando o chão antes para não cair no buraco. Mas parecia muito mais assustador não ter mais o rapaz na vida dela. O problema é que, talvez um dia, ela precise seguir sozinha. Ela precisa melhorar a própria percepção, porque se acabar ela que vai ter que soltar os laços. 
 "Não é mais a ausência dele que me incomoda, é perceber que eu já não sinto falta como antes." Mas a chance tinha que ser dada, ela não conseguiria conviver com a própria consciência se soubesse que não fez tudo que podia, que não gastou todas as tentativas, que jogou todas as fichas. Se ela não corresse todos os riscos, ela não sentiria completa, não encontraria o final da rua. Ela disse o que ele precisava saber para dizer se queria ou não tentar mais uma vez, mostrou todas as possibilidades, tanto de dar certo quanto de dar errado e ele sabia também que era a última "ficha" que ela ia jogar.