quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Não é bem assim...


Duas pessoas: uma busca por cumplicidade. Não parece tão difícil assim, não é? É só saber conviver, ter bons momentos juntos, se divertir, gostar do toque e do que a outra pessoa lhe faz sentir... Mas não é bem assim.
Muitas vezes, mesmo que tudo pareça estar direito, os dois podem não estar satisfeitos. Um por querer mais, o outro, por querer menos.
O rapaz procurou por ela. Ele a chamou para sair, mostrou que tinha pressa, que ela era interessante e que ele não queria perder tempo. Ele, ainda na primeira semana, disse que estava apaixonado, e isso a fez tentar parar de se policiar e permitir que o que ela sentia crescesse. Ele sempre procurava por ela, desde mandar mensagem de "bom dia", até tirar uma noite ou outra da semana pra que eles passassem juntos.
Ela, então, se viu completamente entregue e apaixonada pelo rapaz, que parecia bom demais para ser verdade. Como tão carinhoso? Tão gentil, tão incrível em tantos detalhes. Como um beijo tão bom? Um toque tão marcante, um abraço com um encaixe tão perfeito? Ela só sabia se perder nos encantos, deixar a tal "razão" de lado e se deixar preencher por sentimentos alimentados pela presença dele.
Mas nenhum iria estar satisfeito. Ela queria mais, mais segurança, mais compromisso, mais dele na vida dela, na pele dela, no enroscar de pernas de cada uma das noites ao se deitar. Já ele, ele queria menos, menos investimento, menos divisão de tempo, menos obrigações de relacionamento.
E então? Agora que a moça está apaixonada, mas ele não está mais, o,que fazer? Bem, dizem que quando um não quer, dois não brigam... Então cabe a ela entender que, por mais que ele tenha sido sincero, o tempo deles terminou... E é aí que ela o vê partir... Sem certezas, sem promessas, sem a despedida, sem o toque que faz a pele dela formigar, sem o beijo que ela esperava há dias. Ela precisa deixá-lo ir, mesmo que queira apenas abraçá-lo e pedir que ele fique. Pois é, barbudo do beijo com sabor de pimenta, ela vai sentir sua falta.

sábado, 16 de agosto de 2014

Com o Tempo, passa.

O tempo toca a ferida, mostra em chaga a carne pútrida que parecia ter curado. O tempo dilacera a ferida, a mantendo não só aberta, mas em crescimento, como uma cria demoníaca de seu seio, como uma obra de seu ego infinito. O tempo acerta a ferida, recortando cada parte do ser que a tenta curar, enfraquecendo cada tímido pulsar de vontade, desmerecendo toda a esperança, matando o sistema imunológico da emoção.
 O tempo cria uma nova ferida, para provar sua crueldade, para fazer com que seja provado que uma dor não anula a outra, para que a tortura seja maior do que a morte, para que haja tamanho sofrimento que o ato de sangrar se torne um alívio. O tempo multiplica as feridas, a fim de conquistar o temor do divino, de ser mais cultuado pelo humano do que todos os deuses.
O tempo finge fechar as feridas, para que o homem tenha tanta fé no tempo que o permita controlar sua vida, deixando que o lobo se passe por ovelha. O tempo finge fechar as feridas, para que, mesmo ciente do apetite da saudade, ainda seja dito "com o Tempo, passa".

Hanny Writter,
16/08/2014

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Não há nada pior na vida dela do que a maldição de ser ela mesma. As vezes ela queria acordar e perceber que era tudo um sonho ruim, o problema é que ela simplesmente não consegue dormir. Ela percebe as lágrimas rolarem por seu rosto sem parar, mas ainda sim ela sente que vai sufocar com o nó preso na garganta. Ela não sabe quem culpar, simplesmente busca uma razão para sentir-se assim, se é que existe alguma além dos males que vivem dentro de sua própria cabeça.
Sua vida não é difícil, nunca foi. Ela sempre teve tudo o que precisava para viver... Boas escolas, boas notas, boa família... Embora todos a vejam como uma garota feliz e sempre bem humorada, ela não consegue ser feliz de verdade, seus sorrisos sempre escondem algo. Quando chora, ela chora sozinha, onde ninguém pode vê-la sofrer. Normalmente conta com a presença de longos banhos ou de madrugadas acompanhadas da respiração pesada dos que já dormem. Ela imagina, sozinha, formas de dar fim às suas dores, Aquelas que as pessoas dizem que ela não pode sentir, e que ela passa os dias na tentativa de esconder. É uma pena, para ela, que não tenha coragem de fazer nada, nem para melhorar, nem para fugir.
Assim ela apenas permanece na própria inércia, olhando para o seu álbum de des-conquistas, se livro de orgulho cheio de nada, suas caixas de sonhos vazias, suas planilhas de coisas não planejadas. Sem um sonho, sem nenhum motivo para seguir em frente, ela simplesmente levanta e se deita na luta de encarar cada dia na esperança de que seja o último.

Hanny Writter