terça-feira, 5 de abril de 2011

Sozinha



"é isso? só isso? depois do silêncio isso é tudo que ele tem a dizer?"


Ela passou a mão nos cabelos, desesperada, um suspiro, passos que vem e vão na sala vazia. Sozinha, dolorida e sem certezas, que diabos seria isso tudo? Essa coisa de altos e baixos sempre consegue ser cruel, sabe? Ela checa o celular mais uma vez, o coração pula ao ver a foto dele, mas logo se aperta, por não haver nenhuma mensagem ou ligação vinda do mesmo garoto que sorri no fundo da tela. O que ele está fazendo agora?
A garota se joga na cama, cansada de criar teorias que tenham finais felizes, que tenha uma finalidade para o amor que ela carrega no peito. O coração é um fardo pesado, vivo, indomável, não segue regras, não obedece, não se deixa calar. O coração grita, esperneia, explode dentro da garota, que não consegue ser forte o bastante para tentar segurá-lo, fazê-lo se calar, ficar quieto dentro do peito e aceitar que a dor que ela sente já é o bastante.
Enquanto ela rola sozinha na cama, procurando conforto, o celular apita, ela, estática, precisa conter novamente o coração, que salta loucamente por dentro, ansioso pela mensagem. Ela respira fundo antes de criar coragem para ler, primeiro o destinatário, depois a mensagem. Observa a luz da tela se apagar e, só então, pega o aparelho, continua olhando a tela apagada, vendo o reflexo dos seus olhos apreensivos, "Será que é ele mesmo?" fecha os olhos enquanto aperta o botão, conseguindo perceber a iluminação da tela pela pálpebra cerrada, suspira e abre os olhos, conseguindo ler o nome dele. Se apressa para abrir a mensagem "Tá acordada?", ela passa a mão pelo rosto e pensa "é isso? só isso? depois do silêncio isso é tudo que ele tem a dizer?" mas só consegue responder "Estou."
Não importa o quanto ela tente ficar nervosa, o quanto ela tente brigar com ele, o quanto ela queira odiá-lo as vezes, ela simplesmente o ama e não pode mudar isso. O rapaz é seu dono, o coração, o capitão, ela a escrava e não consegue nem ter certeza se quer alforria.

Hanny Writter, 05/04/2011

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