sábado, 2 de abril de 2011

A ansiedade


"Eu sempre fui sua..."

Ela se olha no espelho mais uma vez, os dois lados do rosto, do corpo no vestido, os sapatos,
brincos. Sorri, fecha os olhos e se prepara para sair de casa e encontrá-lo. Tenta imaginar como
seria a vida dela se nunca tivesse voltado atrás, voltado para ele, mas não consegue imaginar,
pois a alegria que explode dentro peito quando pensa que estão juntos é sempre maior. Dirige
pelas ruas que levam até onde ele está, o ritmo cardíaco aumenta enquanto a distância diminui,
sorrisos inquietos, olhares constantes para o retrovisor, o pé que pesa sobre o acelerador, dedos
que apertam o volante...
Agora, com o carro parado rente ao meio-fio, motor desligado, ela olha para o céu pelo pára-brisa,
suspira e sussura "Cheguei...", mordisca o lábio, se olha rapidamente no espelho, ajeita a franja
que cai sobre o rosto, pega a bolsa e sai do carro. Anda em direção à porta do restaurante, onde
pára pela última vez para tentar conter o coração louco, desesperado e esfomeado de saudade.
Levanta a cabeça, sentindo-se poderosa por causa do salto alto e entra pelo restaurante, segura
de si mesma. Quando os olhos dela pousam sobre a imagem dele, sentado de costas para a porta,
olhando pela janela, distraído. Os ombros largos, a camisa social clara de mangas dobradas até
metade do antebraço, a calça jeans, os cabelos bagunçados, ela sente como se os joelhos
fossem gelatina.
Mais do que depressa, ela vai ao encontro dele, chega silenciosa, passa os braços pelos ombros
do rapaz e beija o pescoço dele, um toque leve dos lábios, na fonte do cheiro que só ele tem. "Que
saudade", ela diz ao passar os lábios suavemente pela orelha dele, ele beija as mãos dela, se
levanta e a olha enquanto sorri.
Em instantes ele a olha, o vestido curto e levemente decotado, o pingente que enfeita o colo, os
sapatos de salto, as pernas, o rosto corado, os olhos lindos, os cabelos que caem sobre os ombros,
ele passa o braço pela cintura dela e a puxa para perto, "Você tá linda..." ele diz enquanto a olha
nos olhos e desliza os dedos pelo contorno do rosto dela, que sorri e abaixa a cabeça deixando com
que a franja caia sobre o rosto. Ele afasta os cabelos dela, escorrega a mão até a nuca da garota e
se aproxima, olhando para os lábios dela, enquanto ela fecha os olhos e sente a respiração dele, o
hálito fresco no rosto, o toque dos lábios, a língua úmida.
Não fazem idéia do tempo que se passou entre o beijo e agora, os dois abraçados, o lençol que
cobre a união dos corpos, as mãos dadas, a sensação de "felizes para sempre". Ele mordisca a
orelha dela enquanto sussura "Quero você pra sempre", ela sorri e repete "pra sempre!". ela se
vira de frente para ele, mexe nos cabelos bagunçados dele, olha para cada traço daquele rosto
amado, o beija e diz "Eu sempre fui sua...". Ele a abraça, beija-a na testa, a aperta contra o peito
e canta baixinho alguma música que ela possivelmente vai se lembrar quando estiver sozinha em
casa.

Hanny Writter, 02/04/2011

Um comentário:

  1. Tudo o que a gente quer ouvir, sentir, bem descrito aqui por vc, mocinha!

    Beijo.

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