sábado, 26 de março de 2011

Bandeira branca




"Oi, sei que não devia te procurar, né?"


E ela se lembra novamente dele. O "ele" que ela não consegue substituir, esquecer, apagar, enterrar, ele! Não importa o quanto outros a tentem entreter, ocupar, flertar, conquistar. Como agora, em que ela se deu conta de que não pode evitar voltar para ele, como ela percebeu isso? Conversava com um outro, "qualquer outro" como parecia ser para o coração da moça, e ao olhar nos olhos deste outro, ela não encontrou nada do que procura.
Como o "nada" pode ser vazio, triste, insatisfatório... e ela não queria o nada, não mais. Precisava voltar para ele, o ele de sempre, o ele da música, do sofá, das risadas, das promessas que não foram feitas, dos sonhos e idealizações. Ela precisava voltar para ele. Um sorriso nostálgico e levemente dissimulado ilumina o rosto feminino, fazendo "o outro" ficar confuso, ela se levanta, pega sua bolsa e sai, conseguindo apenas falar "Foi ótimo estar com você, mas preciso ir". Ir.
Procura o número dele na agenda, se apressa para mandar mensagens pelos ares, para buscá-lo e trazê-lo de volta. "Oi, sei que não devia te procurar, né?" ela sorri e morde o lábio, "mas sinto sua falta." mensagem enviada, agora ela nem precisa de um táxi. Corre pelas ruas enquanto planeja a viagem, checa a carteira, chega em casa com a sensação de ter descoberto a melhor das sensações.
Põe tudo que vê dentro da mochila, enquanto avisa a quem fica que está indo. Indo. Com o maior dos sorrisos, se senta na poltrona do avião e olha mais uma vez a foto dele antes de desligar o celular, "Já estaremos juntos de novo", beija a ponta dos dedos e os desliza pela tela antes de alcançar o botão de desligar.
Todas as nuvens do caminho são perfeitas e se parecem com alguma coisa, como os olhos dele, o sofá da sala, o ursinho de pelúcia que ela deu, o edredom enrolado...
O coração pula no peito feito pipoca na panela em dia chuvoso de ficar abraçado assistindo tevê, o avião pousa, inquietude total dentro dela. Ela recolhe suas coisas e se prepara para encarar a cidade.
Chega ao prédio dele, examina cada um dos andares até olhar para a janela dele, imaginando o quanto dela ainda está lá dentro. Passa pelo portão, ouvindo o eco de cada um dos seus passos no saguão, hesita antes de entrar pelo elevador, volta ao balcão e pede para alguém avisá-lo que ela está . Sim, ela foi! A recepcionista sorri e ela sabe que tem permissão para subir, entrar no apartamento e na vida dele mais uma vez.
Quando se depara com a porta, pensa se deve entrar ou tocar a campainha, abaixa a cabeça, fecha os olhos e engole uma lágrima antes de se decidir... mas a porta se abre antes mesmo que ela possa se preparar. Ela levanta a cabeça, surpresa, e seu olhar encontra o dele. Ele sorri e a abraça, "Senti saudade também" ele diz ao passear com os dedos pelo rosto dela, acompanhando o rastro da lágrima que ela não conseguiu conter. Lágrima de felicidade, medo, arrependimento e vontade de tentar de novo. Ela só sorri e o abraça como se quisesse fundir o corpo ao dele.
Os dois entram pela sala, mãos dadas, comentam sobre algumas lembranças que encontram no tapete, no sofá, no aparador, na janela. Ele não precisa falar mais nada, ela sente, talvez ele a ame.

Hanny Writter, 26/03/2011

2 comentários:

  1. Oi amiga,visitando este kantinho,conheci de blogs amigos...convido para visitar o meu,ofereço Award,está na sala presentes oferecidos...convido também para visitar o Ostra da poesia estou partcipando com o poema MINHA PÉROLA,é a SEXTA poesia,preciso de comentários dos amigos ,se quiseres deixar seu carinho lá ficarei muito grata... Este é o link:http://ostra-da-poesia.blogspot.com/ Muito obrigada!!!

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  2. Muito bom o texto. Confesso que fiquei com medo de que ela chegasse lá e ele estivesse dormindo com outra, menos mal que nem todos os escritores são maldosos como eu. Viva o romantismo!

    Um abraço!

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